Este novo post da nossa colunista Milena Louzas faz um alerta para as famílias: precisamos sim diminuir nosso consumo de açúcar. A seguir, ela fala sobre a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) para que somente 10% das nossas calorias diárias ingeridas venham de açúcares livres. Com a palavra, a odontopediatra Milena:
Por que é importante dar menos açúcar para as crianças
Precisamos falar da quantidade de açúcares que nossas crianças estão ingerindo. A Organização Mundial de Saúde (OMS), nas suas diretrizes 2015, recomenda FORTEMENTE aos adultos e crianças que somente 10% das calorias diárias ingeridas venham de açúcares livres.
Pare um pouco e pense em tudo que tem açúcar livre. Ele é aquele açúcar adicionado aos alimentos pelo fabricante, usado pelo cozinheiro ou pelo próprio consumidor, mas também podem ser os açúcares naturalmente presentes em mel, melados, sucos de frutas naturais ou concentrados. Agora imagine que uma criança de 2 anos deve ingerir, em média, mil calorias e uma de 5 anos cerca de 1,4 mil calorias.
Nós rótulos, o açúcar livre pode vir especificado como açúcar, açúcar de milho, amido modificado, mel, dextrose, agave, mel, açúcar mascavo, glucose ou ainda frutose.
Eu não sei vocês, mas eu precisei de um tempo para digerir essa informação. Pensar que somente 100/140 calorias da dieta diária de uma criança poderá vir dessas fontes foi surpreendente. Não porque deveria ser mais, mas por que isto representa um grande desafio para as famílias. E aquele suco de laranja? Ou a bolacha maisena entregue às crianças no meio da manhã? Ou ainda o bolo industrializado ou a bolacha da embalagem individual que mandamos para o intervalo de aula dos pequenos? O prático suco de caixinha? E pelo jeito até aquele tal suco de caixinha sem açúcares ou conservantes entrou na listinha. Será que essa porcentagem tão baixa não seria um exagero?
Recebi essa informação no meio de um Congresso de Odontologia Preventiva (ABOPREV) e, intrigada, fui ler o texto completo. Somos um dos países com maior índice de consumo de açúcares, estamos batendo os 20% atualmente de açúcar na nossa dieta diária. Se outros países estão abaixo dos 10%, esse consumo exagerado seria herança cultural? Portugal está ao nosso lado com quase 25%.
A principal motivação para a publicação da OMS é o aumento da obesidade e a forte associação entre lesões de cárie e o consumo de açúcares. A OMS reconhece ainda que os efeitos negativos na saúde causados por um problema bucal como a cárie são cumulativos e trazem consequências por toda a vida futura da criança.
O documento termina dizendo que provavelmente nas diretrizes de 2020 a recomendação será para o consumo de apenas 5% de açúcares livres. Nunca fui extremista, mas terminei a leitura determinada a inserir esses números nas orientações aos meus pacientes.
É claro que tem o possível e o ideal, pois dificilmente conseguiremos remover totalmente os práticos lanches industrializados que carregamos na lancheira para os intervalos entre as refeições, mas eliminar os sucos é fácil – em casa, por exemplo, vale fazer um esforço e priorizar as frutas inteiras. Limitar o acesso aos doces (balas, pirulitos e chocolates) e incentivar o consumo de frutas também são estratégias que merecem a nossa atenção.
Alguns alimentos apresentam uma quantidade maior de açúcar livre. Eles não precisam ser eliminados da dieta, mas usados com moderação. A lista abaixo mostra alguns exemplos:
Alimentos com uma quantidade maior de açúcar livre:
– Barra de Cereais
– Bolacha maisena
– Bolachas recheadas
– Bolachas salgadas
– Bolos em geral
– Cereal Matinal
– Geleias
– Leites em pó
– Pirulitos e balas
– Salgadinhos
– Sucos Industrializados ou Naturais (fruta ou soja)
– Uva passa
Se precisarem de um incentivo a mais para aderir à recomendação da OMS, sugiro que deem uma lida nas diretrizes (AQUI).
Um grande abraço,
Milena Louzas
Especialista em Odontopediatria e com especialização em Ortopedia Funcional dos Maxilares, a Dr. Milena Louzas é de São Paulo e costuma dizer que a Odontopediatria a escolheu, pois suas primeiras oportunidades de trabalho foram com crianças. Ela se apaixonou pela área e seus desafios, como atender crianças consideradas de comportamento difícil. “Mas, juntas, conseguimos resignificar a relação delas com o dentista”, conta.
Beijos, da Mamãe Prática Mari.
Foto: freeimages/Wong Mei Teng
Milena querida, adorei o seu texto, obrigada por compartilhar essas informações com as nossas leitoras 🙂 beijos