O texto de hoje é o mais novo artigo da nossa colunista Ana Flávia Fernandes, psicóloga infantil do Terapia de Criança. Ela traz uma reflexão muito interessante sobre os mitos que envolvem a criança que não tem irmãos. Com a palavra, a Ana Flávia:
Temos na nossa cultura o hábito de acreditar que filho único é “mimado”, “egocêntrico”, “dependente”, “solitário” e que tem dificuldade de se adaptar socialmente.
Mesmo com estudos atuais de que essas características podem existir independentemente de a criança ter ou não irmãos, muitos pais continuam considerando essa ideia antiga para tomarem decisões importantes sobre a própria vida.
O fato de ser filho único não é um elemento que define por si só as características e o futuro da criança. Até porque existem os fatores bio-psico-sociais em que a criança se desenvolve e o apoio da escola no sentindo de equalizar as relações. Um processo constante, em que todos estão no mesmo nível de importância, com os mesmos direitos e deveres, trocando aprendizado e um convívio igualitário, desconsiderando atitudes que beneficiam apenas uma pessoa.
Apesar da vida financeira dos pais ser equilibrada e/ou existir o desejo em oferecer tudo aquilo que os filhos merecem, é fundamental cuidarmos dos excessos. Principalmente com os filhos únicos, em que toda a energia, atenção e expectativas estão voltadas especialmente para eles.
Essa é uma relação em que a criança também acaba observando a trajetória dos pais mais de perto, sem tantas distrações. Então, o nosso cuidado em respeitar personalidade, limites e preferências fará toda a diferença para a criança ter experiências que aumentem a sua resiliência.
Existem vários caminhos para a criança aprender sobre relacionamento, felicidade, generosidade e respeito. É importante estimular para que aprenda a se conhecer, perceber o outro e socializar, tanto com crianças quanto com adultos.
Assim, suas habilidades emocionais e sociais podem ser exercitadas com a família, vizinhos, colegas de classe/parquinho e também com pessoas desconhecidas. Isso é essencial na trajetória do desenvolvimento de qualquer um, sendo filho único ou não.
O aprendizado do ceder, negociar e abrir mão pode acontecer com um pouco mais de dificuldade para o filho único. Por isso, é importante que esse treino aconteça em casa, antes do início da vida escolar. Por exemplo, dividindo o sorvete com a mãe.
Quando os pais têm uma atitude de proteção e disponibilidade exagerada, podem prejudicar o desenvolvimento de um, dois ou mais filhos. Se não têm essa postura, dificilmente terão com um filho só.
Nesse sentido, o desenvolvimento e a evolução equilibrada dependem mais da forma como os pais vão direcionar sua educação do que das circunstâncias da criança.
Mitos ou verdades sobre o filho único?
- É sempre mimado
Mito, pois ele pode aprender que seus desejos são importantes, mas que nem sempre serão satisfeitos. - É muito egocêntrico
Mito, pois ele pode entender que será necessário preocupar-se também com os assuntos ou interesses das outras pessoas. - Não sabe dividir
Mito, pois ele pode desenvolver a capacidade de emprestar, dividir e compartilhar sem se sentir lesado de alguma forma. - É extremamente dependente
Mito, pois ele pode compreender que tão gostoso quanto precisar de alguém é conseguir fazer algumas coisas sozinho. - Vai demorar para “sair da casa dos pais”
Mito, pois ele pode ter o aprendizado de que a casa dos pais é muito boa e será melhor ainda quando descobrir que os valores aprendidos ali poderão ser levados para onde for.
Psicóloga Infantil com especialização em Psicodrama, Ana Flávia Fernandes atende as crianças e suas famílias há muitos anos. “Para cuidar bem dos pequenos, também é preciso cuidar dos adultos a sua volta”, explica. Muito querida e atenciosa, ela também nos brinda com a sua sabedoria e experiência clínica no blog Terapia de Criança.
Beijos, da Mamãe Prática Mari.
Bonita reflexão, ainda não decidi, mas estou muito inclinada a ser mãe de filho único mesmo, o texto me tranquilizou bastante.
Olá Simone! Estou na mesma situação que você! Que bom que te ajudou! Beijos, Mamãe Prática Mari.
Muito bom, e esta certissima sou filha única, e nunca tive esses problemas, sempre me relacionei muito bem com as pessoas, comecei a trabalhar cedo por vontade própria, e casei com 22 anos, tudo isso é mito mesmo. Hoje tenho uma filha, e já decidi q ela tbm vai ser filha única. Parabéns pelo texto.
Que bom que gostou Vanessa!! Também adoramos! Beijos, Mamãe Prática Mari
Legal este tema, também estou nesta dúvida tenho uma bebê de 8 meses e já estou com 37 anos, enfim se for engravidar novamente será programado para meados do próximo ano. Apesar de ainda estar em dúvida sobre ter ou não; estou temerosa por diversos fatores mas penso que ter uma irmã ou irmão é bom para cuidar um do outro, se ajudar, dividir alegrias e tristezas mas principalmente temo deixá-la sozinha quando eu morrer, fico pensando muito nisso e gostaria que ela tivesse um companhia fraterna para ampará-la e vice versa.
Olá Luciana,
Obrigada pelo seu comentário. Esperamos ter te ajudado.
PS: Estou passando pelo mesmo dilema kkk e tenho a mesma idade que você!
Beijos da Mamãe Prática Mari
Acho lindo, lindo mesmo quem tem muitos filhos, uma família grande, tenho apenas uma filha, e nunca na minha vida quis mais de UM, na verdade cheguei a cogitar nenhum, mas Deus me deu um anjinho pra me ensinar a ser mãe. Mãe de UM, de DOIS de MEIA DÚZIA o importante é ensinar respeito e amor aos nossos descendentes. Filhos são riquezas, uns tem mais e outros menos.
Oi Jessica, lindo depoimento. Verdade, o importante é ensinarmos amor e respeito aos nossos filhos. Obrigada por compartilhar seu pensamento aqui. Beijos, da Mamãe Prática Fabi
Estou no mesmo dilema, já com 39 e com um de 8 anos!
Entendo Wânia! De qualquer forma, qualquer decisão que tomar deve ser respeitada né. Boa sorte! Beijos, da Mamãe Prática Fabi