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Como educar sem precisar bater ou colocar de castigo

Qual a consequência de nós, pais, dizermos tantos “nãos” aos filhos? Será que exagerar na dose pode torná-los inseguros?

Para a psicóloga infantil Ana Flávia Fernandes, autora do blog Terapia de Criança e colunista do site Mamãe Prática, corrigir o comportamento das crianças é realmente um grande desafio para os pais. “Esse é um dos aspectos mais eficientes da educação dos pequenos quando utilizado com respeito, amor e consciência”, afirma.

Como lembra Ana Flávia, muitos pais partem para métodos punitivos: deixam de castigo ou batem em seus filhos. “Acreditam que se não punirem, como vão garantir que o mau comportamento não aconteça novamente e os filhos aprendam o que é certo e errado?”, analisa.

Mas na educação dos pequenos existem outros caminhos para que as crianças aprendam a ser responsáveis, carinhosas e seus comportamentos sejam aceitáveis socialmente. Veja a seguir os caminhos que podemos seguir, segundo a psicóloga infantil.

Como educar sem precisar bater ou colocar de castigo

1. Seja o modelo de como quer que seu filho se comporte

A maior parte do aprendizado das crianças acontece por meio da observação. Aos poucos elas vão reproduzindo aquilo que percebem a sua volta.

Por isso, precisamos nos comportar da mesma maneira como gostaríamos que elas se comportassem. Quantas vezes você já viu pais falando para o filho não gritar, quando eles mesmos estavam fazendo isso? Ou então se comportando de uma maneira que repreenderiam seus filhos se eles estivessem fazendo aquilo?

Além do imenso poder de cura e purificação, quando somos gratos ou pedimos desculpas, mostramos que somos humanos, que reconhecemos as gentilezas da vida, mas também podemos errar e assumir nossos erros. Isso reforça nossa autoconfiança, faz com que as crianças confiem em nós e desenvolvam sua autoconfiança.

Quando criamos o hábito de tratarmos a nós mesmos e os outros com todo respeito, cuidado e amor merecido, esse processo com os pequenos acontece de forma muito natural.

2. Coloque-se no lugar do seu filho

Em muitos momentos nos esquecemos como é ser criança e seguimos julgando seu comportamento, rotulando o que ela fala ou faz.

Quando vemos o mundo a partir do ponto de vista da criança, podemos compreender o que ela enfrenta no mundo e nos lembrar quem ela é de verdade.

Mesmo que as crianças reproduzam comportamentos e tenham características semelhantes, não são réplicas dos pais. Elas têm seus próprios interesses, desejos, opiniões e uma personalidade que precisamos respeitar.

Imagine-se no lugar do seu filho e veja como você se mostra para ele. Seus sentimentos e pontos de vista são respeitados? É respeitoso com você e com outras pessoas? Seus pais contribuem para a alegria da família ou são tão controladores que impedem a harmonia entre vocês?

Essa consciência de quem somos e quem as crianças são nos ajudam a criá-las com mais gentileza.

3. Atente-se às necessidades do seu filho

Por trás de todo o comportamento infantil há uma emoção que os pequenos estão tentando comunicar da única maneira que eles sabem: na maioria das vezes, por meio da birra e do choro.

Na tentativa de evitar a repetição de um mau comportamento, reagimos rapidamente e ignoramos ou punimos a atitude da criança.

É importante lembrarmos que o comportamento e sua causa nem sempre estão relacionados. As crianças transportam emoções e sentimentos para outros locais e situações.

Muitas vezes, o comportamento que parece “desobediente”, pode ser uma exploração infantil inocente em busca de mais conhecimento.

Ou então, é apenas uma forma de comunicar uma necessidade não atendida. Então, quando agimos impulsivamente, perdemos a chance de ouvir o que elas estão tentando nos dizer e impedindo que comuniquem suas necessidades para nós.

Se confiarmos que as crianças fazem o melhor que podem, fica mais fácil aceitarmos que elas ainda estão aprendendo e descobrindo os seus próprios caminhos no mundo.

4. Identifique e responda às necessidades do seu filho

Essa resposta nem sempre é obvia e fácil de identificar, já que frequentemente as crianças se comunicam com ações e não com palavras.

Quando elas ficam agitadas, mal humoradas ou mostrando um comportamento inadequado, pode ser que precisem pular/correr/brincar. Elas podem precisar de um tempo em silêncio ou sozinhas.

Elas podem estar se sentindo tristes ou chateadas. Podem precisar apenas de um aconchego, um cafuné, um banho quente, um colo ou a leitura de um livro com mensagens positivas. Elas podem precisar de você para conversar, decifrar todas essas coisas, ajudá-la a se encontrar e entender o que está vivendo ou sentindo.

Continue disponível e presente na vida do seu filho e você será capaz de identificar quando ele estiver “fora de si” e responderá adequadamente.

5. No lugar dos “Nãos”, dê informações e ofereça alternativas

Se a criança pede algo que você não concorda, ao invés de um sonoro NÃO, ofereça alternativas aceitáveis para vocês dois. Por exemplo, ela quer desenhar no sofá. Uma alternativa seria explicar que essa atitude danificaria o móvel e que você gosta dele bonito.

Entendendo o porquê ela quer fazer isso, podemos descobrir que ela gosta de desenhar sentada ou em lugares confortáveis ou que gosta de desenhar coisas grandes e o papel é muito pequeno.

Sugira alternativas a essas descobertas, mostrando que você está do lado dela. Juntos, tentem encontrar maneiras que ela faça o que quer fazer. Isso vai reforçar a confiança dela em você e transformar vocês em parceiros dessa jornada de aprendizado e não em adversários.

Ao invés de tentar mudar seu filho, tente se conectar em mudar sua perspectiva. Esteja de verdade com ele, olhando para ele, sentado no chão, se sujando, brincando com ele, seguindo seus interesses e compartilhando os seus com ele. Tudo isso ajuda no processo de nos colocarmos em um lugar mais positivo e restaurarmos a paz.

Beijo grande, da Mamãe Prática Mari.

Foto/abertura: Simona Balint/freeimages

12 comentários sobre “Como educar sem precisar bater ou colocar de castigo

  1. Oi. Tbém sou psicóloga e atendo muuuuitas crianças, mas além de psicóloga tbém estou vivendo a experiência, pela primeira vez, de ser MÃE, tenho um filhote que completará um ano agora, no dia 11 de dezembro/14. Que delícia, mas que cansativo tbém kkkkk, racionalizar sobre as dificuldades das outras mães, é bem mais fácil do que lidar com o sentimento de impotência e cansaço no real papel kkkkk, mas adoro e me policio. Concordo plenamente com o texto, me identifico e recomendo. Essas verdades podem, realmente, tornar essa relação, mais fácil, mais respeitosa e contribuir com a formação de uma personalidade saudável pra criança, além de uma relação de afeto, com tanto amor que transbordará felicidade sempre. Parabéns pelo texto!!!

    1. Olá Gelda! Obrigada pelo comentário! Que interessante suas observações (ser mãe não é fácil, né?). Ficamos muito felizes que você gostou das orientações da nossa querida colunista. Muito obrigada! Continue por aqui 🙂 bjs da Mamãe Prática Mari

  2. Olá Gelda, que depoimento lindo! Você tem razão, é preciso sempre nos policiar para sermos sempre melhores como pessoas e consequentemente como mães, amiga, esposa, psicóloga e tantos outros papeis que desempenhamos diariamente. Fiquei feliz em te ver por aqui! Beijos

  3. Concordo, estou começando a passar por isso com meu pequeno de 8 meses,sempre leio e amo seus post, parabéns, !

  4. Amei o texto, não é fácil ser mãe. Kkkk mais a cada é maravilhoso quando se têm ajuda como a de vocês. Obrigado

    1. Obrigada Katia por nos acompanhar! Adoramos seus comentário 🙂

      Beijos, Mamãe Prática Mari

  5. Gostei bastante deste artigo!
    Durante muito tempo me debati com essa questão: como educar sem bater ou castigar. Sentia que era o melhor caminho para mim e a minha família, mas como? Agora como mãe vejo que, assim como este artigo ensina, não existe uma resposta fácil, rápida e eficaz. Os pais que esperam por uma resposta assim, desenganem-se pois, não há uma receita. Educar é uma arte criativa que exige a nossa presença e capacidade para aprender.
    Aprender a educar sem bater ou castigar para mim, tem sido um processo que começou mesmo antes dos meus filhos nascerem.
    Foi preciso uma mudança de dentro para fora. E educar o meu filho tem sido uma desafio neste sentido, o de consolidar esta minha nova forma de me ver a mim mesma, outros e principalmente o meu filho. A cada esquina o meu filho dá-me uma nova oportunidade de me confrontar a mim mesma e sair vencedora ou perceber que ainda tenho muito para aprender.
    Agora vejo que quando eu mesma não sou capaz de lidar com a minha frustração ao ver o meu filho fazer algo que me desagrada, e reajo com gritos ou palmadas, sou eu a primeira a perder.
    Obrigada por este artigo. Fez-me sentir que não estou sozinha nesta batalha.

    1. Olá Sandra,

      Tenho certeza que muitas mães irão ler e se identificar com o seu comentário. Eu mesma me identifiquei muito!!!

      Obrigada! Que lindas as suas palavras!

      Beijos, da Mamãe Prática Mari

  6. Nem sei o que falar,lendo parece tão fácil,mas no dia a dia fica muito difícil .O que fazer quando uma criança faz birra no mercado ,Rua ,lojas eu saio e vou embora .pois sei que as pessoas não entende a birra da criança,em casa deixo fazer tudo pois não tem o que fazer conversar ,muda o foco abraçar não dá resultado .deixo fazendo birra e procuro não sair de casa.

    1. Olá Maria,

      Sim, para muitos pais é muitoooo difícil lidar com as birras, afinal, cada criança é única (com a sua história e seus temperamentos). Pessoalmente, tenho colocado as dicas da psicóloga Ana Flávia Fernandes (nossa colunista e autora deste artigo) em prática e elas têm me ajudado. No meu caso, eu percebo que a birra aparece quando minha filha precisa de atenção (ao fazer birra, ela quer atenção).

      Também tenho percebido que preciso, primeiro, lidar com as birras em casa. Uma vez que ela aprende em casa que a birra não é a resposta para as suas angústias e frustrações (quando quer algo e não dou, por exemplo), fica muito mais fácil de lidar com as birras fora de casa (que passam a ser menos frequentes).

      Aqui nesse outro post fizemos uma entrevista em vídeo com a Ana Flávia. Sugiro você dar uma olhada no post e no vídeo:
      “Birras e conflitos: como lidar com nossos filhos sem enlouquecer”

      Outra dica (que pra mim dá certo) é fazer minha pequena participar da rotina da casa (sabe quando você precisa fazer o almoço, lavar a roupa e dar atenção para seu filho?). Há formas simples e seguras de envolver os pequenos nas tarefas. A minha filha adora (ela se sente importante, útil e orgulhosa e assim não faz birras). Também fizemos um post sobre isso (veja aqui).

      Depois me conta se ajudou?

      Beijos, da Mamãe Prática Mari

  7. Amei!!!!

    1. Olá Gisele!

      Ficamos felizes que nosso texto te tocou de alguma forma!

      Beijo grande, da Mamãe Prática Mari

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