Essa é a primeira vez que eu falo aqui no blog sobre parto. Sei que demorei muito para abordar o tema e o motivo, confesso, é que esse assunto me incomoda bastante. Como acontece com inúmeros bebês pelo Brasil afora, meu filho nasceu de parto cesariana com tudo marcadinho de acordo com a conveniência da agenda dos médicos e do hospital privado.
Minha médica nunca me incentivou a tentar o parto normal (apesar de não ser contra) e apenas dizia que tínhamos que aguardar a evolução da gravidez. Como no final da gestação tive uma leve hipertensão, esse foi um bom motivo para ela recomendar a cesárea. Ao mesmo tempo, enquanto eu sabia dos benefícios do parto normal, no fundo, eu morria de medo desse momento!
O resultado foi que meu filho entrou nas estatísticas dos bebês que nascem por cesárea e apresentam desconforto respiratório logo após o nascimento. Assim, ele ficou quase 24 horas na UTI, não foi colocado no meu peito na hora do nascimento (somente no outro dia) e tudo isso prejudicou muito a amamentação.
Só para ficar claro, não sou contra quem decide fazer uma cesariana (cada um sabe aonde o calo aperta né), mas hoje penso que se eu tiver uma segunda gravidez vou procurar ajuda e ler mais sobre o assunto para, realmente, me preparar para o parto.
Recentemente eu conheci a querida pediatra e orientadora perigestacional Luciana Herrero, do Instituto Aninhare, e fiquei encantada com a abordagem e o apoio que ela dá para gestantes. A médica é autora de dois livros super bacanas que eu gostaria muito de ter lindo quando estava grávida: “O Diário de Bordo do Parto” e “Diário de Bordo da Família Grávida”. Ela concedeu uma entrevista pra gente sobre planejamento do parto que reproduzo aqui na íntegra:
Por que é importante fazer o planejamento do parto?
Dra. Luciana Herrero: Planejamento é importante para tudo na vida, desde a compra de um carro, uma viagem ao exterior ou a chegada de um bebê, pois nos ajuda a fazer escolhas certas e nos prepararmos para viver o que sonhamos. Quando planejamos nosso parto saímos do achismo e caímos no mundo real, com suas possibilidades e desafios. Deixamos de terceirizar uma decisão, tomamos posse da mesma, fazemos uma escolha consciente e embasada (seja ela qual for!). E Isso e ótimo, pois reduz drasticamente as frustações do pós-parto.
Como planejar o parto? Por onde começar?
Dra. Luciana: No livro O Diário de Bordo do Parto eu sugiro uma das muitas ferramentas que existem na administração de empresas e que, comprovadamente, ajuda na realização de um objetivo, o PDCA (sigla em inglês para Plan, Check and Action) e adaptei para a realidade do parto. Pois, em tudo na vida precisamos de foco e método. O primeiro passo para o planejamento é saber onde se quer chegar. Para isso é fundamental conhecer a fundo as possibilidades de parto possíveis e escolher uma que esteja de acordo com seu perfil, sua forma de enxergar o nascimento. Fugir de ideias pré-formatadas, cheia de mitos e meias verdades é o ideal. E para isso é necessário dedicação, horas de leitura e estudo sobre o assunto.
Quais são os medos mais comuns das mulheres sobre o parto?
Dra. Luciana: Sem sombra de dúvida o principal medo é dor do parto. Mas, existem outros: o medo de não conseguir viver um parto normal, de que algo saia errado com o bebe ou com a mãe e muitos outros. Na nossa sociedade costumamos ler notícias ruins e a temer pelo pior. E acabamos olhando a gestação e o parto como um tipo de perigo, algo a ser temido, quase como uma doença. Quando na verdade, não é. Quanto mais estudamos sobre o assunto, mais aprendemos que o gestar e o dar a luz é um processo fisiológico. E que, claro, precisa ser amparado e cuidado adequadamente, mas não precisa ser temido de forma tão intensa. Afinal, há milênios e milênios a espécie humana gesta e pari com sucesso. E olha que nem havia a cesárea para casos de necessidade (como graças a Deus temos atualmente). Eu acredito ser fundamental fazer um pré-natal adequado e fazer cursos de gestante. E mais ainda, tomar cuidado com os nossos pensamentos. Fugir do pessimismo e de quem só conta historia ruim. Para o bem-estar da mamãe e do bebê, na gravidez é fundamental ter uma boa pitada de esperança e fé!
Quais profissionais podem ajudar a mulher nesse momento?
Dra. Luciana: Diversos profissionais têm seu lugar e importância na hora do nascimento, não só o médico obstetra. A enfermeira obstetra, a doula, o pediatra, o anestesista e até a fotógrafa de parto tem seu papel e importância na chegada do bebê. E a participação de cada um deles vai depender do tipo de parto e, principalmente, do tipo de assistência obstétrica escolhida pela família. No nascimento tradicional, o papel central é do obstetra, mas o anestesista e o pediatra também são fundamentais. Já no nascimento que acontece no modelo preconizado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), chamado no Brasil de humanizado, além dos já citados, outros especialistas também contribuem muito para um parto mais respeitoso, tais como: a enfermeira obstetra, a obstetriz e a doula. Pois, nesse estilo de nascimento, os protagonistas do nascimento são a mulher e o bebê, e todos os profissionais são apenas apoiadores e cuidadores para que o processo aconteça em harmonia e segurança.
Que outro comentário gostaria e deixar para nossas leitoras?
Dra. Luciana: Não há certo ou errado no parto. Não existe ser mais mulher ou menos mulher baseado no parto vivenciado. Pois, cada mulher e cada parto são únicos, e devem ser respeitados. O que existe, e deve ser evitado ao máximo, são os partos terceirizados ou manipulados, onde a mulher e seu desejo não são respeitados, o que infelizmente é muito comum no Brasil atualmente. Conhecimento é poder. Quanto mais a mulher conhecer sobre o universo do nascimento, maior sua chance de viver esta experiência de forma mais gentil e respeitosa. Minha luta pessoal não é apenas desmitificar e incentivar o parto normal no Brasil. É muito mais do que isso, é ajudar mulheres a tomarem posse de seu corpo e de seu parto, seja ele qual for!
Querida leitora, se você é gestante, tentante ou está pensando em ter um novo bebê, espero que esse post te ajude a refletir sobre esse momento tão importante e especial que é o nascimento dos nossos filhos. Boa sorte!
Beijos, da Mamãe Prática Fabi
Foto: Mimo Fotos
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Ai. .. até hoje ainda doi no peito a cicatriz da minha cesarea… mesmo sabendo que eu posso ter salvado a vida da minha filha.. ainda doi!!
Queria muito parto normal.. sou personal trainer e professora de dança. .. me alonguei e exercite a gravidez inteira pra isso até que na 26 semana minha filha encaixou.. desceu muito e nos ultrassons dava aflição de ver a cabecinha dela empurrando o colo do útero. .. Ou seja.. repouso absoluto.. injeções de corticoide.. e chá de paciência e fé!
Mas até aí tudo lindo.. ela.ja encaixada e pequena.. só faltava o trabalho de parto!
Mas na minha cidade do interior temos muitos problemas maternidade.. nos finais de semana não tem GO nem pediatra. .. e eu não me.preparei pra ir pra capital caso não conseguisse meu parto normal…
Resultado: chegando com louvor na 37 semana, descubro que meu ILA estava insuficiente (5,6)..
Convenci a GO a esperar pois a bebê estava bem e fiz ultrassom dia sim dia não para acompanhar…
E num sexta feira a minha filha parou de mexer.. com ILA baixo não tinha santo que fazia minha GO deixar eu sair da maternidade. .. Além do mais ia ficar sem médico no hospital nas próximas 48h…
Fomos lá e nascemos!!! Minha filha, eu e meu marido… nascemos denovo… engolimos o parto normal e tudo que planejávamos pra não carregar nenhuma culpa de ter prejudicado a minha filha!!!
Ela nasceu ótima com 38s e 4d.. apgar 10/10… mamou imediatamente. .logo que nasceu… Não foi esfregada nem aspirada… Não tomou banho no dia…. ficou com meu marido o tempo todo enquanto eu me preparava pra ir pro alojamento…
Enfim.. conhecimento e poder sim.. pois mesmo cedendo a cesarea eu exigi TUDO que podia pra proteger minha filha do trato desumanizado! !
Mas ainda doi no peito a cicatriz da minha cesarea! !!
oi Heloá, muito, muito obrigada por dar seu depoimento aqui também! Imagino a sua frustração, mas você fez tudo que podia para que ela nascesse bem e saudável… nem sempre as coisas acontecem como gostaríamos, entendo você! Legal que você, de alguma forma, também se preparou e conseguiu exigir e se posicionar sobre o que considerou melhor para vocês duas. Beijos, Fabi
Bom dia!
Estou gravida de 7 mêses e sempre pensei em parto normal até pela reculperação e ainda quero muito mas infelizmente esqueci de falar isso com o meu obstétra desde o inicio e agora fiquei sabendo por pessoas que já fezeram parto com ele que ele não gosta de fazer parto normal. Oque eu faço?
oi Thamires, a minha sugestão é você tentar conversar com ele, ter uma conversa franca e explicar que você precisa do apoio dele nesse momento. A escolha do parto deve ser respeitada pelos profissionais de saúde. Esse é um tema delicado e, infelizmente, no Brasil temos a cultura do parto cesárea, muitas vezes sem necessidade. Boa sorte! beijos, Fabi