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Criança que bate: como agir quando seu filho é agressivo com você

criança que bate

É mais comum do que a gente imagina ver pais e filhos em um “duelo” difícil, em momentos de raiva, em que geralmente a criança contrariada fica muito brava a ponto de gritar e até bater no seu pai ou na sua mãe. Como agir com a criança que bate é um tema controverso.

Mas, independentemente se você acredita em castigos ou palmadas, sugiro a leitura deste texto, uma tradução livre do texto original em inglês do site www.ahaparenting.com.

O artigo a seguir é apresentado pela nossa colunista, a psicóloga infantil Ana Flávia Fernandes.

Vale conhecer essa visão muito cuidadosa sobre a criança que bate, ou seja, sobre um filho agressivo. O texto é um convite para que nós, pais, olhemos nossos filhos de forma ainda mais consciente quanto aos seus sentimentos e emoções. Boa leitura!

Quando seu filho bate em você

Se observarmos com cuidado, podemos perceber que uma criança com raiva, apesar de mostrar uma postura dura, está bastante assustada e triste. Ela sente que algo absolutamente vital para ela está sendo ameaçado e ela não tem escolha a não ser lutar. Sente-se sozinha, como se ninguém a entendesse e ninguém viesse socorrê-la.

Naturalmente, os pequenos buscam afeto e companheirismo. Então, quando vemos uma criança atacando ferozmente uma pessoa que ela ama, podemos imaginar que esteja tomada por sentimentos extremamente dolorosos que a machucam. Por isso, abre sua guarda, nos desafiando a ajudá-la nos cuidados de seus ferimentos.

Chico de 3 anos quer algo que ele não pode ter. Sua mãe diz “não”. Ele fica furioso e a ataca. Sua mãe lhe segura as mãos falando com firmeza: “Eu não vou deixar você me bater, isso dói.” Então, o garoto chuta.

A mãe ouviu dizer que devemos ignorar quando uma criança nos bate, assim ela não tem uma resposta e pára com a agressão.

Mas, ela sabe que os pequenos estão desenvolvendo sua capacidade de compreensão e por isso precisam de limites claros e firmes quando se comportam inadequadamente. Esse ataque é um pedido de resposta, mas no sentido de ajudá-los a lidar com o turbilhão de sentimentos que estão dirigindo o seu comportamento.

Então, a mãe fala para o filho não chutar, mas ele ri e ataca novamente. Sua risada faz a mãe se questionar se o garoto está se divertindo com a dor dela a ponto de querer também bater e se defender.

Mas o menino não está rindo porque ele está curtindo a dor da mãe. Ele está tão chateado que não pode chorar. Sua risada esconde a tensão dos seus sentimentos.

A mãe dá um passo para trás e evita o chute. Ela se lembra de que já passou da hora do lanche da tarde e os dois podem estar com fome e cansados.

Repete para si mesma várias vezes antes de agir: “Ele está agindo como uma criança, porque ele é uma criança.” Ela está trabalhando duro para regular suas próprias emoções.

Mãe: “Você está rindo, mas está tentando me machucar, isso não é engraçado. Você deve estar muito bravo!”

Chico ataca novamente.

Mãe (gentilmente): “Você está muito furioso, mas não tem o direito de me bater.”

Chico (batendo): “Eu preciso te machucar, mamãe!”

Mãe (refletindo sobre os sentimentos dele enquanto o afasta): “Você está tão bravo que quer me machucar? Você está muito, muito bravo?”

Chico (ainda batendo, mas olhando para ela agora que ela está mostrando a ele que o entende): “Bravo!”

Mãe (olhando-o nos olhos): “Sim, você está bravo. Mas, não me machuque.”

Esse contato olhos no olhos faz com que ele comece a chorar. A mãe lhe pega no colo. Ele chora, chora e finalmente esvazia sua raiva.

Mãe: “Você estava tão triste e com raiva”

Chico: “Triste”

Mãe: “Sim, você estava triste e bravo. Você estava machucado por dentro. Então, você queria machucar a mamãe, é isso?”

Chico olha espantado para ela. A mãe sabe que está em uma grande conexão com o filho. Ele estava machucado, então, ele queria machucar.

Mãe: “Então você bateu e chutou a mamãe?!”

Chico esconde seu rosto nos ombros da mãe.

Mãe (gentilmente): “Você está escondendo seu rosto. Se sente mal em ter me machucado? Eu estou bem, mas chutar dói. Você pode me dizer que você está bravo. Pode pisar firme com os pés. Mas, não pode bater em ninguém”

Chico, ainda no colo da mãe, bate o pé no chão.

Mãe: “Você pode pisar assim quando está com raiva. Mas, pode bater!?”

Chico: “Não”

Mãe: “É isso mesmo, sem bater. Eu acho que nós dois estamos com fome e cansados. Vamos preparar um lanche…”

O que Chico aprendeu?

• Que sua mãe irá definir limites sobre suas ações para manter a segurança de todos, o que é um grande alívio para ele.
• Que sua mãe entende quando ele está chateado e vai ajudá-lo com seus sentimentos.
• Que quando ele está machucado por dentro, ele quer atacar, e que ele pode não fazer isso, mas pode expressar o que sente.
• Que sua mãe cuida dele e se preocupa com a sua felicidade, mesmo quando ela precisa dizer “não”.
• Que ele é uma pessoa aceitável com todos os seus sentimentos, agradáveis ou desagradáveis.
• Que os sentimentos vêm e vão e podem ser gerenciados.
• E o mais importante de tudo: que o amor de sua mãe é incondicional.

Espero que você tenha gostado desta reflexão e história de um filho agressivo, e que as palavras da nossa colunista a ajude em momentos difíceis e desafiadores na hora de educar.

Beijos, da Mamãe Prática Mari.

Foto: freeimages.com

16 comentários sobre “Criança que bate: como agir quando seu filho é agressivo com você

  1. Ok!
    Mas ainda acredito na palmada como último recurso de educação.

    1. É por que você é incapaz de criar alguem normalmente por isso você acredita na palmada, por você é inapto para ser pai.

  2. Fiz isso e não funciona ele bate na minha cara tento conversar com ele seguro e não adianta ele me chuta isso me deixa muito triste pois não coloquei no mundo pra me bater ainda mais na cara chego a chorar com isso e ele não para com essa agressividade.

    1. oi Jessica, imagino a sua dificuldade e angustia com essa situação. Nunca imaginamos que o nosso filho pudesse ser agressivo, não é mesmo? Antes de mais nada é muito importante que você tenha bastante paciência e não retribua essa agressão. Tente mudar o foco da situação, tirá-lo do ambiente e conversar, explicar o que você está sentindo, que está triste e que não gosta que ele faça isso. Ao mesmo tempo, procure ser firme e diga claramente que ele não pode fazer isso. Abaixe na altura da criança para conversar e vá conversar com ele depois que ele tenha se acalmado (não vai adiantar no momento da crise). Se for o caso, vale procurar ajudar de um profissional (psicóloga ou terapeuta). Espero ter ajudado e que tudo melhore por aí. Beijos, da Mamãe Prática Fabi

    2. Estou passando pela mesma situação. Meu filho tem apenas 2 anos e 4 meses e ainda não fala. Mas difícil a interação, tento me manter calma, converdar, mostrar que está errado e ele continua batendo. Choro as vezes com minha reação, pois não concordo em bater em criança. Me sinto culpada de dar uns tapinhas as vezes. Mas é uma reação involuntária…

      1. oi Danielle. Não é fácil mesmo, a gente tenta fazer tudo da melhor maneira possível, mas às vezes perdemos o controle (afinal somos feitas de carne e osso né). O importante é tentar compreender o que está acontecendo, conversar, tentar ter paciência e, se for necessário, procurar ajuda de um profissional. Boa sorte querida! Beijos, da Mamãe Prática Fabi

      2. olá danielle estou com a mesma situação com meu filho(ele ainda não fala direito)e está batendo em mim e na mãe dele. poderia falar o que aconteceu de um ano pra cá? as coisas melhoraram?obrigado!

    3. Minha filha fazia o mesmo, uma psicopedagoga me ensinou como lidar, quando seu filho bater agaixa para ficar na altura dele é segura as mãos bem firme e olha para ele é fala não pode bater caso ele chutar, segura as perna dele bem firme olha nos olhos dele , não pode e senta ele, em algum lugar para ele pensa,r até ele acalmar e não agrada, mesmo ele pedir fica bem sério ensina pedir desculpas dá um abraço e, e mesmo assim muda a atitude com ele, e fica seria para que perceba deixou vc triste. Mas isso é um processo, não pode desistir, com o tempo ele vai entendo, minha filha levou uns 6 meses no começo foi difícil, quando a mãe ama não desiste do filho, toda vez que for corrigir sempre fala eu faço tudo isso porque eu te amo.
      Nunca descute com seu filho, vc perde autoridade fala uma ou duas caso ele ficar insistindo no assunto seja firme, ele vai perceber que não adianta fazer birra ou outras coisas para chamar atenção que não vai funcionar, mas ele vai testar sua paciência, não grita sempre fala no tom baixo e firme!

  3. Eu tenho uma filha de cinco anos e 9 meses e ainda bate nos amigos na escola.Nao é frequente masi em alguns momentos ela agride o amigo.
    Ela faz psicologia e tem transtorno no desenvolvimento.
    Mas esse temperamento agressivo me deixa muito triste.

    1. Olá Josielma, imagino como você deve ficar angustiada e triste com essa situação. É preciso ter muita paciência, respirar fundo, tentar conversar. Que bom que você está fazendo acompanhamento com um especialista, com certeza irá te ajudar. Beijos, da Mamãe Prática Fabi

  4. Olá,
    Estive a ler todos os vossos textos acerca de não dar um tapinha de vez em quando nos nossos filhos, de como contornar situações que menos gostamos com atitudes imaturas deles e fiquei a pensar nisto.. Eu sou uma pessoa que prefiro levar todas as situações criticas e mais dificeis sempre de uma forma verbal, calma, entender os dois lados da questão e tentar equacionar sempre o melhor passo a dar. Seja em que tipo de relacionamento for.
    A violência gera mais violência, sem sombra de dúvida. Mas uma coisa é violência outra coisa é um puxão de orelhas, um tapinha no rabo. A minha mãe e o meu pai chegaram a dar-me e eu me considero uma pessoa perfeitamente normal. Tudo na sua conta peso e medida. Quando há razão para dar um tapinha no rabo há razão para dar, isso nao vai marcar psicologicamente a criança de uma forma negativa. Uma criança de 3 anos não tem capacidade de raciocino para entender à base de uma conversa que não pode ou pode fazer seja o que for. Senão não tiraríamos os medicamentos do seu alcance e também nao punhamos proteções nas tomadas electricas e bastaria explicar para a criança, num momento calmo qual é o problema desses perigos. Mesmo que o façamos a curiosidade vai fazer de certo com que algum dia a criança queira experimentar e irá acontecer um desastre. Ora a minha questao aqui é a seguinte, se nós só pusermos limites verbais à criança ela vai entender que se bater em alguém essa pessoa não vai ripostar, então que poderá bater à vontade. Que quando se sentir frustrado poderá bater porque vai ser tranquilo, quando ele se acalmar a mamãe vai falar para ele que não deve fazer aquilo e está bom, ficamos por ali. Afinal nenhuma regra foi imposta, nenhum limite foi imposto. Nós estamos a educar uma criança, não estamos a discutir filosofias com eles.. Eles não têm esse tipo de raciocinio ainda. Logo, para mim, castigos, ficar sem tv, ficar no quarto por 5 ou 10 min, levar um tapinha de vez em quando como forma de mostrar os limites deles é uma forma saudavel de educar. Vivermos num mundo equilibrado é o que é preciso, a violencia existe e nós temos de saber lidar com ela, temos de saber viver com ela como com tudo o resto. Só temos de mostrar aos nossos filhos como e que tipo de violencia se deve aplicar. Nós não ficamos todos os momentos calados no trabalho, nos pisam os calos e voce se cala? Ou puxa do galão e violentiza um pouco? Faz parte saber usar dessas forças, que não, não sao positivas, mas o mundo nao é um mar de rosas. Não podemos ensinar isso aos nossos filhos como não podemos ensinar que o mundo é feito de violencia, nem 8 nem 80… um equilibrio… Tenho 3 filhos, com 2 nunca tive de fazer nada, sempre ensinei as coisas de forma calma e tranquila, qe me lembre dei um tapinha na mais velha um dia. Mas agora a mais pequena é um diabrete, excelente aluna na escola, muita atenta, mas muito muito obstinada e de vez enquando agressiva, sem razão para isso. A mesma educação que dei para umas dei para esta, é dela mesmo, o feitio mais afincando mais duro… A 3 filhota ja tem levado mais tampinha que as outras, também porque faz o triplo da asneira, os miudos na escola estao mais mal educados, ela trás palavreado para casa que nós não ensinamos, atitudes que nós não ensinamos. E em casa há regras. Eu falo com ela, passei os ultimos 6 meses tentando falar, tem dias melhores tem dias piores. Este ultimo fim de semana dei um tapinha no rabo dela para aprender a não gozar quando a mãe fala com ela sobre assuntos sérios. depois chorou, acalmou e ouviu com atençao o que a mãe disse. digo 6 meses porque no inverno de 2015 ela também fez uma asneira da grossa e eu também dei um tapinha no rabo e desde ai que tenho tentado este sistema de falar, acalmar, mostrar quais os limites verbalmente. Mas foi como disse, uns dias melhora, outros piora e este ultimo fim de semana piorou muito. um domingo inteiro, batia na nossa cara, gozava com a irma, birra porque nao tinha isto e aquilo.. E nós não somos de dar quando faz birra, faz birra, quarto e pensa no que estas a fazer… de modo que olha, quero só dizer que não regra sem excepção e que gosto muito das vossas intervenções, mas por vezes temos de ser um pouco nós mesmo e mostrar esses limites que tanto falamos. Obrigado

    1. Olá Antonio, obrigada por visitar o nosso site e enviar o seu relato. Imagino que como pai de 3 crianças você deve ter tido muitos desafios até agora!
      Esse é um tema muito delicado e que, certamente, cada família precisa analisar o que funciona mais na sua casa, pois educar não é nada fácil e muitas vezes nossos filhos parecem nos tirar do sério (mas temos que pensar que nessa relação eles são as crianças e nós os adultos). Aqui no Brasil existe, inclusive, uma lei de 2014, chamada Lei da Palmada, que proíbe qualquer tipo de agressão às crianças, mesmo que um simples tapinha no bumbum. Eu acredito que a violência não é o melhor caminho, mas sim precisamos intervir quando as crianças fazem birra ou são agressivas, impondo limites e ajudando-as a entender melhor as situações e seus sentimentos.
      Espero que nossos posts possam ser úteis para você. Abraços, da Mamãe Prática Fabi

  5. Minha filha de 4 ans sobe em mim como um animal tentando arrancar meus cabelos quando é contrariada. Coloco de castigo, mas ela tenta sair. Me fecho no banheiro para ela acalmar, pois joga objetos e vem de encontro me batendo muito. Mantenho a distância ate passar o nervoso para nao ter que conte-la com as mãos. Ela é muito pequena e fragil e se eu segura la pode se machucar, pois se joga no chão. Já tentei todos os métodos.

    1. Oi Gerusa, entendo que não é fácil. A sua filha é muito pequena (tem 4 anos como meu filho) e vejo que castigos não resolvem, eles ainda não entendem para que serve um castigo. Aqui em casa o que mais funciona é mudar o foco da situação, tirar a criança do ambiente e tentar acalmá-la. Você precisa mostrar a sua autoridade de maneira positiva, mostrando que você quer o melhor pra ela e que vai protegê-la. Você pode dizer, por exemplo, “entendo que você está nervosa (ou triste, ou com raiva). Você pode sentir isso e posso te ajudar a se acalmar”. Mostrar empatia pode ajudar, mantendo a firmeza em relação a sua decisão sobre algo. Boa sorte querida, espero ter ajudado. Beijos, da Mamãe Prática Fabi

  6. Na teoria é muito fácil, aqui em casa minha filha desde os oito meses quando está nervosa bate em mim. Hoje está com três anos e a agressividade dela aparece quando está brava e o pior que é só comigo, na escola não tenho reclamação de seu comportamento. Ao contrário com as pessoas de fora ela é gentil. Não sei o qie fazer, sou pedagoga mas mesmo assim sinto-me impotente pra educar minha própria filha

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