Mãe é um bichinho curioso. Parece ter quatro olhos, dez braços e 10 mil preocupações. Já os pais, mesmo os mais preocupados e participativos, não são assim. Talvez esse comportamento tenha relação com a história e cultura de quando a divisão de tarefas era mais padrão e as mães cuidavam dos filhos e os pais arcavam com as despesas da casa. Então, é a mãe que se preocupa se o uniforme está lavado e passado, que horas precisa dar o remédio e quando é hora de cortar o cabelo ou comprar novas roupas, pois seu pequeno está crescendo.
E é nessa mesma toada que são as mães as mais angustiadas com a aquisição de fala de seus filhos. Quando chegam ao meu consultório, em geral, são elas que trazem a queixa. Mesmo quando o pai concorda, em geral, é no tom de: “Será? Talvez ele ainda se desenvolva sem ajuda…”.
É, mãe é mãe, e mesmo quando tudo conspira contra, graças a Deus, ela toma a dianteira e procura por um profissional. Mesmo quando a mãe no telefone, ao marcar uma consulta, me passa alguma informação que dá indícios de que, no caso do seu filho, não há nenhum problema, dar espaço para que ela fale e tire suas dúvidas é essencial para que a criança possa ter um desenvolvimento de fala adequado.
Sem esta conversa, as dúvidas com certeza persistirão e falas que poderiam se desenvolver adequadamente podem se tornar patologia, como em alguns casos de gagueira. É normal que hesitações ou repetição de sílabas ocorram entre 2,5 anos e 4 anos de idade, quando aumenta tanto o vocabulário da criança quanto a complexidade da sua linguagem. Se o medo dos pais de que a criança fique gaga se sobressair, atitudes como a de repreender o filho e falar para ele não gaguejar podem gerar ansiedade no mesmo, e aí sim: a gagueira poderá se desenvolver.
“Se o medo dos pais de que a criança fique gaga se sobressair, atitudes como a de repreender o filho e falar para ele não gaguejar podem gerar ansiedade no mesmo, e aí sim: a gagueira poderá se desenvolver”
Ou seja, assim como um pouco de estresse é necessário para nos movermos e buscarmos vivências novas, um pouco de angústia nos ajuda a encontrarmos o melhor para nossos filhos. Por isso, a qualquer dúvida em relação ao desenvolvimento da fala, não deixe de consultar um fonoaudiólogo para verificar se está tudo bem.
Maria Carolina Furlan é fonoaudióloga especialista em Linguagem. Em consultório, atende crianças e adultos nas áreas de Linguagem Oral, Leitura e Escrita/Dislexia, Voz e Motricidade Orofacial (mastigação, deglutição e respiração). Mamãe do Theo, ela também vive os dilemas e desafios da maternidade, como lidar com a imprevisibilidade e conseguir cuidar do seu lado “ser mulher”. Perguntamos o que ela gosta de fazer nas horas vagas, e ela brincou: “O que é isso mesmo???” (risos), mas quando tem algum tempo livre, ela gosta muito de ler.
Queridas, tenham calma que tudo tem o seu tempo. Espero que tenham gostado do texto da nossa colunista, eu amei!
Beijos, da Mamãe Prática Mari
Em tempo:
Assista ao bate-papo que fizemos com a fonoaudióloga Maria Carolina Furlan no dia 26/06/2017, no Facebook, com o tema “Será que meu filho está demorando para falar?”
Foto abertura: freeimages
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