Mamães, é sempre bom ficarmos atentas aos modismos e notícias que apresentam soluções milagrosas para os nossos problemas. Este ano, um assunto que ganhou atenção na mídia foi o fato de uma mãe boliviana (Viviana Soruco) ter criado uma mistura à base de amaranto e quinoa para substituir o leite, já que sua filha sofria de intolerância à lactose.
Para entender se a alternativa encontrada pela Viviana é uma boa opção para bebês com intolerância à lactose, o blog Mamãe Prática decidiu consultar uma especialista. Na opinião da nutricionista Luciane Gonçalves de Lima, conselheira do Conselho Regional de Nutricionistas 8ª Região – Paraná (CRN-8) e autora do livro “Alimentação Infantil: Receitas Nutritivas e Equilibradas” (Ed. Juruá), esses dois grãos (amaranto e quinoa) são comparados ao leite materno por possuírem proteínas de alto valor biológico, em torno de 16%, e a qualidade e o equilíbrio de seus aminoácidos são mais importantes do que a quantidade.
Mas para Luciane, que é especialista em Nutrição Clínica e Magistério Superior e professora do curso de Nutrição da Faculdade Evangélica do Paraná, é cedo afirmar que esta opção é boa para bebês, pois são necessários mais estudos científicos sobre o assunto. “Lembro também que não é recomendada a ingestão de cereais antes dos seis meses de idade, e tanto o amaranto quanto a quinoa são considerados pseudo cereais, por suas características serem muito semelhantes ao dos cereais”, analisa.
Em contrapartida, a nutricionista diz que um ponto positivo do amaranto é que ele é mais rico em ferro do que qualquer outro cereal, mas ele também tem um lado negativo, e aqui entra uma característica mais “técnica”: no pericarpo (“revestimento”) da sua semente há saponinas (uma substância) que dão sabor amargo e têm ação tóxica sobre as hemácias (glóbulos vermelhos do sangue).
De acordo com Luciane, a papa criada pela mãe boliviana pode tanto ser utilizada por pessoas intolerantes ao glúten quanto intolerantes à lactose, mas ela não recomenda oferecê-la a crianças menores de um ano sem uma avaliação criteriosa do pediatra e de um nutricionista. “Recomendo nestes casos o uso de fórmulas infantis específicas, principalmente antes de um ano de vida”, afirma.
Outro fator levantado pela nutricionista é que o uso destes dois grãos (na forma de farinha, flocos ou semente) não é comum no Brasil e seu custo é muito elevado. “O Ministério da Saúde recomenda os 10 passos da Alimentação saudável para crianças menores de 2 anos. Temos alternativas mais baratas com os alimentos produzidos no Brasil”, finaliza.
Mamães, fica a dica então para tomarmos cuidado na hora de oferecermos novos alimentos principalmente aos bebês com menos de 1 ano. Por enquanto, que tal inserir esses grãos na sua própria dieta? Consulte sempre seu médico ou nutricionista.
Beijos, da Mamãe Prática Mari
Foto: Studio Cl Art
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Sou brasileiro e vivo no Perú, onde a quínoa abunda por onde for e a um preço de banana. A “semente da moda” agora pelo que ouvi é a goji, da China. No Brasil é caríssimo, aqui custa 1/10 do preço, muito mais barata. O que me deixa furioso é como enxovalham o bolso do brasileiro com as comidas saudáveis…