O hábito de a criança chupar o dedo é um problema comum e que atravessa gerações. Você provavelmente já ouviu falar de alguém que fazia isso quando pequeno ou conhece alguma mãe que atualmente encontra-se desesperada porque seu filho insiste em continuar adotando esse comportamento.
Esse “dilema” pode estar relacionado a fatores como ansiedade, conforto emocional e dificuldade da criança enfrentar uma nova situação, como abordamos no post Chega de chupar o dedo!
Mas e quando o bebê ou a criança mais velha só dorme chupando o dedo? Muitos pais têm procurado a ajuda de psicólogos e consultoras ao estilo “Supernanny” para resolver o problema. Embora essa ajuda seja excelente, ela não faz milagres, afinal serão os pais que terão que colocar em prática as técnicas ensinadas pelos profissionais.
As tentativas poderão ser inúmeras e provavelmente acompanhadas de muito choro, o que tornará esse momento muito difícil. Diante do choro do neném, o recado da psicóloga e psicanalista Clarice Wichinescki Zotti, de Curitiba (PR), é para as mães tentarem ficar tranquilas. “Os bebês também são muito sensíveis às angústias maternas, reagindo a elas (chorando ou apresentando desconfortos corporais). Quanto mais tranquilas e seguras [forem] as mães, mais tranquilo e menos chorão será o bebê”, explica.
Clarice é mãe de quatro filhos e corresponsável pelo Curso de Psicanálise de Crianças da Associação Psicanalítica de Curitiba (PR). Na entrevista a seguir, ela explica em detalhes como os pais podem mudar o hábito da criança chupar o dedo para dormir.
O que fazer quando o bebê só dorme com o dedo na boca?
Provavelmente essa foi a forma que o bebê encontrou para apaziguar sua angústia frente à ausência da mãe ou a alguma frustração vivida. Então,carinhosamente, a mãe deve tentar fazer com que aos poucos ele abandone esse hábito e o troque por outro mais saudável. Já ouvi histórias de mães que colocavam esparadrapo no dedinho do bebê para que o gosto o fizesse largar isso. Outras usam luvinhas… Aqui vale a criatividade e inventividade dos pais.
A mãe e/ou o pai pode ficar um pouquinho com o bebê, segurando sua mãozinha e lhe dizendo palavras carinhosas, cantarolando uma canção de ninar, contando estórias infantis ou suas próprias histórias de quando era pequeno, fazendo com que, pouco a pouco, a criança se sinta segura com a voz materna ou paterna e possa adormecer sem precisar do dedinho. É preciso insistir nessas tentativas. Nem sempre há bons resultados da primeira vez, mas com a repetição e novas tentativas, o casal achará uma forma que agrade a seu bebê e o ajude a dormir tranquilamente. A voz materna (e a paterna também) costuma ser um calmante natural para o bebê.
Quanto mais novinha for a criança, mais fácil de mudar esse hábito. É sempre bom que isso seja feito de maneira gradual, muito carinhosa e pondo palavras no que está acontecendo. Hoje se sabe, por meio de pesquisas psicanalíticas com bebês, que eles reagem e modificam seu comportamento através das palavras de seus pais, desde os primeiros minutos de vida, muito antes de se apoderarem da linguagem propriamente dita. Então, conversar com os bebês é sempre importante. Colocar palavras na angústia e no choro do bebê é um hábito que não temos, mas que surte efeitos importantes.
“Quanto mais novinha for a criança, mais fácil de mudar esse hábito”
O que significa “colocar palavras na angústia e no choro do bebê”?
As mães precisam conversar com eles e não ter medo de falar o que sentem, pois é muito importante esclarecer algo que os bebês estão “sentindo no ar”, mas ninguém põe palavras nisso, pois acalma os bebês. Se as mães estão tristes com alguma situação familiar ou com algo que outro filho fez, por exemplo, o bebê sente certa tensão no ar e reage a isso. Se a mãe fala com ele, se explica que está brava e triste com tal pessoa e por isso está muito nervosa na hora de amamentá-lo, ele saberá que não é com ele, se acalmará e começará a mamar melhor.
É recomendável acostumar o bebê com um paninho ou uma boneca para dormir?
Estamos falando do objeto transicional. Dentro do contexto já explicitado, acho muito importante que a criança possa usufruir desse “ansiolítico” natural. Esse paninho, a chupeta ou outro objeto de preferência da criança vai ajudá-la a se sentir mais segura e menos angustiada. Quando ela crescer e se sentir mais segura e autônoma, provavelmente abandonará esse objeto naturalmente. Mais uma vez, reforço a importância de conversar com a criança. E, no caso de uma criança de um ano, não é difícil ela se acostumar com um bichinho ou bonequinha de pano. A mãe pode conversar com ela explicando que o brinquedo estará ali do seu ladinho para lhe fazer companhia. Normalmente a criança vai gostar da novidade. Também é importante que a mãe faça companhia para a criança e seu brinquedo, afastando-se aos poucos, diminuindo o tempo de permanência, até que a criança possa lhe dizer boa noite tranquilamente.
“É importante que a mãe faça companhia para a criança e seu brinquedo, afastando-se aos poucos, diminuindo o tempo de permanência, até que a criança possa lhe dizer boa noite tranquilamente”
E quando a criança for mais velha e já adquiriu esse mau hábito?
Se a criança já é mais crescida, torna-se necessário conversar com ela, oferecendo-lhe alternativas do seu interesse, e também perceber em que momentos ela precisa mais desse “calmante”, do dedinho na boca. Se vocês observarem, as crianças colocam o dedo na boca quando se sentem angustiadas ou em alguma situação que lhes cause ansiedade, medo ou insegurança. Então, faz-se necessário conversar com a criança (ver o que está acontecendo, o que a faz se sentir insegura) e ajudá-la com essas dificuldades. Se isso persistir ou mesmo aumentar de intensidade, é de bom tom procurar a ajuda de um analista de crianças, pois quanto mais cedo isso for trabalhado, mais cedo se resolve e a criança pode se desenvolver com mais tranquilidade e segurança. Problemas mal resolvidos na tenra infância não desaparecem com o tempo, como alguns acreditam. Se não for possível resolvê-los com a ajuda dos pais, essas dificuldades podem persistir ou se transformam e aparecem na forma de outros sintomas mais tarde.
Espero que você tenha gostado das dicas da psicóloga Clarice e que essas orientações sejam úteis para você. Se você já passou por isso ou vai tentar colocar em prática as orientações da psicóloga, boa sorte! Depois me conte se deu certo.
Beijos, da Mamãe Prática Mari
Foto: Studio Cl Art/Photl.com
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